Momento de partilha: O Jogo de Futsal: dos “Sistemas” à “Criatividade”



Rui Rodrigues (autor do livro Treinar Futsal)

Nesta segunda “crónica” deixo-vos um artigo, que podem encontrar no meu livro, sobre a criatividade no Futsal. No final deste apontamento, deixo também dois exercícios, muito simples, para que possam ser trabalhados, manuseados e alterados por vós…


O Jogo de Futsal: dos “Sistemas” à “Criatividade”



 “ (...)a propósito dos “sistemas” de jogo, há quem tenha uma visão diferenciada e prefira uma nomenclatura de jogo que assenta não no “sistema”, mas antes no “conceito”. Araújo (1995), a propósito desta dicotomia, defende “o jogar segundo «conceitos», em vez de o jogar segundo «sistemas» ”, apelando ao vetor da criatividade como antagónico da dependência.

Araújo (1995) é claro quando afirma que “jogar segundo conceito, em vez de sistemas estereotipados, dá efetivamente aos jogadores, a liberdade de tomarem as decisões que lhes pareçam mais concretas relativamente a cada situação de jogo, sem no entanto lhes permitir que o façam contrariando os princípios básicos que devem presidir a cada uma das soluções a empregar”.

Se transpusermos esta ideia para o Futsal, vamos entroncar na importância da “criatividade”. Coca (1985) já referenciava que a criatividade rompe com hábitos e promove algo de novo, como sendo uma espécie de incorporação em proveito de todos.

Os treinadores devem procurar “jogadores criativos”.

Será a criatividade inata ou desenvolvida? Vai-se perdendo com o tempo? É um processo de longo ou curto prazo?

A criatividade, o jogador criativo que pretendemos move-se fora do que é comum, está “fora da caixa” é inovador, é algo que procura a originalidade, que coloca uma ação individual envolta nas noções de apelo ao bem-estar coletivo e, obviamente, ao sucesso deste. Não se mede a criatividade pelo volume de ações ou pelas ações em si mesmo, mas sim pela colocação de um potencial inovador ao serviço da equipa. Acreditamos que, como Hoff (2005), a criatividade é um produto de todos nós.

Assim, podemos inferir que nós nascemos com criatividade, podemos perdê-la, mas também é importante ter a noção de que, se potenciarmos o que nos é inato, a podemos desenvolver, colocando-a ao serviço de uma modalidade, neste caso da nossa equipa e do nosso sucesso. O jogador criativo tende a ter um pensamento divergente, em várias ideias, por forma a escolher um caminho.

O que é que limita, hoje em dia, a que apareçam jogadores cada vez mais criativos e com uma desenvoltura nesta componente?

Talvez as nossas práticas enquanto treinadores, não sejam benéficas para que este tipo de atletas floresça. Há práticas da sociedade e do modo de vida dos atletas, das crianças e dos jovens que limitam os aspetos de cariz criativo. Há muita falta do jogo de futebol de rua, do jogo informal, onde a regra é alterada, os constrangimentos são vários e há um apelo constante a modificações de comportamento que levam a desenvolver o pensamento criativo, levando a um potencial técnico superior.

Aliado a esta situação, verificamos um treino, por vezes, desequilibrado e não atento a esta temática, bem como uma mecanização do jogo, dos processos de jogo e ainda uma débil motivação. Acresce a tudo isto, alguma insensibilidade para aquilo que é o jogo, para o conhecimento pleno do jogo e de todas as suas vertentes.

No jogo, a ação é que define o movimento, daí esta interligação ser importante e o apelo criativo deve ser também promovido por todos nós.

É fundamental que haja um começo da prática de situações que promovam a criatividade do atleta, dando-lhe uma exploração baseada no contexto, para que depois haja a realização dos movimentos. O espaço de treinabilidade desta vertente é entre os 10 e os 13 anos, no entanto devemos fomentar desde cedo a vertente criativa do nosso jogador; e se ele não teve formação ou está mecanizado (já em adulto) podemos introduzir a criatividade como forma de promover e apelar a outra vertente do treino que pode fazer a diferença em jogo. Os critérios para a criatividade visam expressar momentos diferentes, transversais à idade do atleta e sempre a tempo de lhe propiciar novas experiências.

As componentes da criatividade expressam a relação com a tentativa, a eficácia, a originalidade e a versatilidade. A este efeito, podemos referir que há modos de avaliar a criatividade dos nossos atletas, bem como a maturação dos mesmos não é linear, por isso deve existir espaço para situações de apelo criativo.

Há fatores de treino que não são prática no nosso planeamento e muitas vezes são subjugados para segundo plano, por desconhecimento daquilo que é a sua influência no treino e no jogo.

Há que fomentar jogos de exploração da criatividade, em situações de um contra um, dois contra um, bem como em dinâmicas de jogo reduzido; aliando a técnica individual aos problemas que vão surgindo nesses contextos de jogo.

Aí, o jovem jogador terá margem para, ele próprio, poder resolver essas situações de jogo com a sua vertente criativa; quer seja numa finta, numa ação na linha lateral, num livre ou em outra qualquer situação. Importa é deixar margem para que existam fintas, toques preciosos, passes magistrais e domínios cada vez mais perfeitos.

 

Rui Rodrigues in TREINAR FUTSAL

 

Exercícios muito simples, em contexto de iniciação e podendo integrar variantes de apelo criativo, que o treinador entenda que possa melhorar a relação com abola, o drible, a execução de novas situações técnicas pela criança / atleta.

                                                  

Fig. 1 - Exercício de 2x1, drible, passe e combinações a dois.

Ações entre 2 jogadores com 1 jogador a defender. Quem perder a bola passa a defensor.

 


 

Fig. 2 - Exercício de 2x1 para penetrar em zona delimitada

Os jogadores, a par, com uma bola (atacantes) têm por objetivo fazer passes entre si e combinar para penetrar e passar pela baliza (cones) com a bola controlada. Há várias balizas e cada uma delas tem um jogador (defensor). Se o defensor tocar na bola, o atacante que a perdeu, passa a defensor e este passa a atacante.




Vídeos
Os melhores golos da Jornada 21 da Liga Placard de Futsal
Os melhores golo dos Jogos 2 dos Quartos de Final da Liga Feminina Placard
Os melhores golos do Jogo 1 Quartos de Final da Liga Feminina Placard
Os melhores golos da Jornada 20 da Liga Placard Futsal
Os melhores golos da Jornada 22 da Liga Feminina Placard
Os melhores golos da jornada 19 da Liga Placard de Futsal
Os melhores golos da Jornada 18 da Liga Placard Futsal
Os melhores golos da Jornada 17 da Liga Placard
Os melhores golos da jornada 21 da Liga Feminina Placard
Os melhores golos da Jornada 20 da Liga Feminina Placard Futsal
Ficha técnica | Lei da transparência | Estatuto Editorial Politica Privacidade