FUTSAL PÓS COVID, E AGORA? por Fernando Parente



Depois de muito ponderar, decidi escrever este artigo de opinião, porque na realidade, cada vez são mais as dúvidas e incertezas em relação ao reiniciar da nossa modalidade, do que o resto. Se, por um lado, a boa notícia de que os pavilhões vão ser reabertos a 1 de agosto, por outro questiono-me, e não devo ser o único, em procurar saber como vão ser os procedimentos a ter na abertura dos mesmos. O que fazer, como fazer, que cuidados a ter, distâncias, máscaras, banhos, desinfeção??

Mas ainda mais importante que isso, como vamos ser protegidos em função da situação que ainda vivemos.

Vamos fazer testes da Covid-19? Se sim, quem irá suportar os mesmos? Câmara Municipal, ClubeS, FPF, SNS? Semanalmente, apenas antes dos jogos, durante a semana de treinos, quando e como?

Haverá possibilidade de realizar jogos treino, ou a retoma da competição terá de ser feita gradualmente tal como foi no futebol de 11?

Neste momento, muito do que me assusta, para além de vivermos na iminência de não sabermos se irá existir uma segunda vaga da pandemia, é tentarmos perceber como os jogadores irão reagir a uma ausência tão acentuada dos pavilhões como tem sido esta que ainda passamos. Uma coisa é eles estarem 1 mês, 2 no máximo, sem jogar. Muitos, como demonstra a realidade da modalidade do nosso país, até estão menos, devido aos torneios e maratonas onde os mesmos vão entrando ano após ano. Agora, 5 meses e meio??

É muito tempo de paragem. Atrevo-me a dizer que é demasiado tempo para quem está habituado a lidar quase todas as semanas com a redondinha.

O que me vem à cabeça de seguida? O normal, lesões. Acredito piamente que nesta retoma irão existir mais lesões musculares do que alguma vez existiram.

Vimos as dificuldades e o tipo de lesões que muitas equipas de futebol de 11 tiveram no regresso à competição. Lesões musculares em treinos, lesões musculares em jogos, menor distância percorrida em jogos, intensidade mais baixa…

E no futsal? Como vai ser? Se compararmos com o futebol de 11, poderemos vir a ter mais dificuldades que eles, embora o tempo de jogo seja menor.

Mas sabemos que a nossa modalidade vive das transições, vive da intensidade, vive da decisão por segundo. Será que as tais seis semanas de pré-temporada vão ser suficientes para dar volta a esta situação?

Uma das coisas boas que esta enorme paragem trouxe à nossa modalidade foi a partilha de conhecimentos, isso sem dúvida alguma. Aliás, acredito piamente, que muitas delas não teriam tido tanto sumo caso não estivéssemos a viver e a passar a situação atual. Mas, sim, há que dar mão à palmatória e parabenizar todos aqueles que desde a paragem têm partilhado um pouco do seu conhecimento, do seu quotidiano, das suas vivências e dar a mostrar a complexidade que existe cada vez mais na nossa modalidade.

Tirando isto, assolam-me algumas outras questões, como por exemplo:

1)    Como vai ser realizado o processo da retoma na formação e feminino?

2)    Se, numa situação hipotética, existir alguém infetado e vá a jogo sem saber, como vão ser os procedimentos para o jogador em causa, para o clube, pavilhão onde a equipa joga, funcionários do pavilhão, árbitros, adversários?

3)    Haverá adiamento de jogos? Quem irá suportar todos os custos inerentes ao fato de alguém estar infetado e duas equipas completas terem de ficar em quarentena em casa? Como vai ser em relação à competição? E aos trabalhos dos agentes envolvidos? Haverá algum seguro que pague essa paragem forçada dos tais 14 dias?

4)    Existe algum seguro que contemple a Covid-19 como uma lesão, seja em jogo, seja em treino?

5)    POR ÚLTIMO DEIXO ESTA ENORME QUESTÃO NO AR: SE EXISTIR UMA 2ª VAGA DA PANDEMIA APÓS O COMEÇO DAS COMPETIÇÕES, O QUE É QUE A FPF VAI DECIDIR? ANULA OS CAMPEONATOS? ESPERA QUE A 2ª VAGA BAIXE PARA RETOMAR OS MESMOS? OU VAI APROVEITAR-SE DA SITUAÇÃO E DA FORMA QUE, POR EXEMPLO, AS SÉRIES DA 2º DIVISÃO NACIONAL ESTEJAM EM TERMOS DE CLASSIFICAÇÃO, VÃO BUSCAR ESSA MESMA CLASSIFICAÇÃO PARA DECIDIR QUEM NA RETOMA VAI LUTAR PELA SUBIDA, VAI MANTER-SE NA 2ª DIVISÃO OU DESCER À 3ª e DISTRITAIS?

 

 

Todas essas questões urgem de ser respondidas, pois até ao momento não vi ninguém das altas esferas a ter o cuidado de informar de todos os procedimentos a ter em função de toda esta problemática. Quer queiramos ou não, a vontade em retomar os treinos, a competição, é por demasiado óbvia para toda a gente. Todos nós, acredito eu, treinadores e jogadores, estamos com uma enorme vontade de voltar a fazer aquilo de que tanto gostamos.

Mas por outro lado, e falo por mim, também estou com um enorme receio do mesmo.

Agora, duma forma mais abrangente, dar a minha opinião sobre a tão propalada 2ª restruturação da nossa modalidade.

O certo é que foi dado um rebuçado a quem lutou por ele. Conseguiu-se o intento de haver subidas. Foi bom para quem tinha esse objetivo, foi bom para quem acabou por ser convidado, seja por estar em 1º lugar dos seus campeonatos, seja por fruto da desistência da equipa A ou B. Foi bom, ponto.

Foi bom não haver descidas. Claro que foi, fosse para quem já sentia a corda apertar na garganta, fosse para quem já estivesse condenado. Claro que foi bom.

Mas duas restruturações em 8 anos? Foram precisos 7 anos de rebuçados às equipas dos distritais para se perceber que o término da 3º divisão nunca devia ter acontecido? Perceber que a diferença entre estar numa distrital ou numa 2ª divisão em nada tem de comparável?

É que, neste momento, e neste ano de decisão, os rebuçados vão acabar de vez. O país vai ficar cada vez mais dividido em termos competitivos. Vão existir, infelizmente, clubes, que não terão a mínima possibilidade de voltar a ter uma presença nos nacionais da modalidade. Vai ficar cada vez mais difícil ter acesso às mesmas, mesmo para quem venha a ser futuramente campeão distrital da modalidade. Vão existir escolhas em função disso, e obviamente que, quem mais e melhor preparado estiver, mais condições irá ter para obter o sucesso de subir.

Fala-se num possível boicote por parte dos 88 clubes da 2ª divisão em iniciar a próxima época. Não acredito. Por muito que alguns clubes estejam de acordo com essa proposta, o fato é de que o país está e estará sempre dividido em termos de interesses na nossa modalidade, infelizmente. O certo é, do muito que alguém já nos fez penar, seja a nós treinadores (cédula, cursos, formação, créditos), seja aos clubes (certificação e restruturação), seja aos próprios jogadores (formados localmente, cartões amarelos, formação), é que continua tudo igual. Continuamos a lidar contra esse tipo de contrariedades como o fizemos até aqui. Em silêncio porque existe o medo de represálias.

Por último: querem lutar? Querem mostrar que estão unidos? Este é o momento, esta é a altura de o fazer. Com diálogo, com conjeturas que deixem crescer a modalidade o que tem a crescer.

QUEREM ACABAR COM AS FORÇAS DE BLOQUEIO?

CLUBES, JOGADORES, TREINADORES. UNAM-SE E FALEM A UMA SÓ VOZ.

 


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