Patrícia Mexia: “É impossível estar distante num jogo que implica contacto”
Outra das vozes que se levantou quanto à decisão da FPF em manter os campeonatos ativos foi a de Patrícia Mexia.
Uma das guarda-redes do SL Benfica que é Técnica Superior de Análises Clínicas e Saúde Pública deixou a sua visão sobre o momento atual do país e sobre a necessidade de evitar contactos que se torna impossível com a prática da modalidade.
A mensagem foi deixada na conta pessoal de Facebook da própria guarda-redes de 22 anos que cumpre a sua 5ª temporada nesta equipa sénior do Benfica.
Fique com as palavras de Patrícia Mexia:
“Após a decisão tomada ontem pela FPF e pelos clubes, não podia deixar de manifestar aquela que é a minha opinião, não só como profissional de saúde, mas como alguém que tem família em casa.. e alguém que tem medo e já sentiu cá dentro o que é perder para este vírus.
Por mais democráticos que queiramos ser, a situação em que nos encontramos obriga-nos a refletir sobre o que é que andamos aqui a fazer. A decisão de continuar, neste momento, o campeonato é um risco desnecessário e, acima de tudo, perigoso. Perigoso para cada uma de nós, perigoso para aqueles que estão nas nossas casas. Será que adiar alguns jogos vale o risco de podermos ter de ver os nossos (ou nós próprias) a sofrer? A desaparecer? Quem somos nós para bater palmas aos esforços sobrehumanos que são feitos todos os dias nos hospitais deste país, se não somos capazes de colocar as nossas vontades de lado e fazer o que tem de ser feito?
Ir treinar implica deslocações, implica balneários, implica estar sem máscara como outras tantas pessoas à nossa volta. Não sabemos o quê e quem nos rodeia. É impossível estar distante num jogo que implica contacto.
As leis e a emergência em que nos encontramos obrigaram a fechar restaurantes, lojas, parques, igrejas.. pedem-nos para ficar em casa.. pedem ao País para ficar em casa. E a nós, querem que continuemos a jogar. Não é prudente. Não é seguro. É perigoso, e não há forma de o ser.
Não é hora de ser egoísta. Não é hora de ser democrático. Não quando a saúde de tanta gente está em risco. Os números são claros e não mentem.
A regra é ficar em casa. Então deixem-nos ficar em casa.”