Ricardinho: «No Mundial, cada dia para mim era um sofrimento»



A saúde mental é uma questão de tamanha importância que está, cada vez mais, na ordem do dia. Depois do episódio de Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no verão passado, agora é a vez de Ricardinho falar sobre a temática.

Em entrevista ao jornal espanhol Marca, o Campeão do Mundo de Futsal falou sobre a importante conquista para o desporto português e do que atravessou durante a caminhada, quer a nível físico, mas também psicológico. «Agora estou a passar um pouco por essa fase de muitas dúvidas e problemas psicológicos, por tudo o que passei em França, ao apostar num projeto que correu mal, a lesão... Foi difícil focar-me apenas no Mundial, cinquenta e tal dias apenas a treinar... Nós, como líderes, temos de mostrar segurança, confiança, temos de animar, ajudar quando há problemas, porque houve... Mas por dentro também temos problemas, mesmo que não os possamos mostrar. Por momentos, duvidámos das nossas capacidades, mas queríamos fazer história e para isso tínhamos de ir à final. Quando nos apurámos foi como se nos tirassem um peso de cima, mas já que estávamos ali queríamos desfrutar».

Sobre a ajuda da Federação, o melhor jogador do Lituânia’21 considerou o trabalho do psicólogo essencial. «Há muito tempo que o temos e tem-nos ajudado muito. Ele fala com quase todos os jogadores e creio que este foi o torneio em que teve mais trabalho. Uns tinham dúvidas, outros confiança, outros ficaram fora dos convocados e não entendiam porquê. Controlar uma equipa de 14 ou 15 homens e ter todos focados no objetivo, não é fácil. Eu mesmo tive muitas conversas com ele. Foi a competição mais dura para mim».

Ricardinho acrescentou ainda que ainda não teve tempo para “parar” depois de se sagrar Campeão do Mundo. «Ganhámos o Mundial e no dia seguinte fui para Paris, precisava de ficar só, nem visitei a minha família. Sei que não foi justo, mas só queria respirar e dormir. Este ano foi muito difícil para mim. A cabeça manda, vimos o caso da Biles e isso aconteceu-me. Aconteceu-me no Mundial, cada dia para mim era um sofrimento. Dediquei-me tanto a isto que me esqueci do resto e agora o corpo ressente-se».

Apesar da conquista e das boas exibições, os momentos de felicidade, durante a competição, foram raros. «Os únicos momentos em que senti felicidade pura e espontânea foram na meia-final, porque era histórico, e quando levantei o troféu. Pensei: 'pusemos Portugal no topo do mundo'. Sofri em cada dia e em cada treino. Quando jogava a Champions, só pensava em quem seria o próximo adversário, em fazer um drible, mas neste Mundial só pensava em chegar rapidamente à final e ser campeão», rematou o jogador do ACCS.


Fotografia: FPF


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