Técnico Marquinhos indica possível saída da seleção de futsal após o hexa: "Já tenho o que quero"

Comandante da equipa brasileira adota tom de despedida, mas CBF diz que buscará continuidade do trabalho
Marquinhos Xavier indica saída da seleção de futsal: "Já sou campeão do mundo, e isso me satisfaz"
O domingo é de festa para o futsal do Brasil. Depois de 12 anos, a seleção verde e amarela voltou ao topo do mundo e conquistou o Mundial de futsal. Mas, também já é hora de pensar no futuro. Durante a conferência de imprensa, logo depois da vitória sobre a Argentina na final, Marquinhos Xavier indicou que pode não permanecer como técnico da equipa brasileira e está disposto, inclusive, a colaborar com uma transição no cargo:
– São sete anos no comando da seleção. Não entrei aqui para ficar 20 anos, nem tenho essa intenção. Queria muito entregar esse trabalho para ter a tranquilidade de sentar com a minha família, com os meus filhos e decidir para onde vou. Não comuniquei isso oficialmente à CBF. Estou disposto a auxiliar em uma transição, se essa for a decisão conjunta. Temos muitos treinadores competentes no nosso país, e eu queria que outras pessoas vivessem isso também. Se houver alguém que queira sentar aqui, me prontifico a ajudar.
Marquinhos chegou à seleção em 2017, depois da saída de PC Oliveira. Desde então, dirigiu o Brasil em dois mundiais, com um terceiro lugar em 2021 e o título deste ano. De acordo com o técnico, o desejo de ajudar um eventual substituto vem de experiências que ele próprio viveu.
– Não quero fazer o que fizeram comigo. Quando eu cheguei, as gavetas estavam limpas. Ninguém me ajudou com nenhuma informação. Tive que aprender a ser treinador de seleção brasileira sendo treinador de seleção brasileira. Não recebi uma ligação, apoio. Senti solidão durante muito tempo. Se for direcionado para isso, fico mais uns meses, mais um ano ou preparo o ciclo. Não é uma decisão minha somente. É uma decisão em conjunto com a CBF. Tenho o que eu quero. Não tenho pretensão de ser bi ou tri. Já sou campeão do mundo, e isso me satisfaz – explicou Marquinhos.
No que depender da CBF, porém, não haverá troca no comando técnico do Brasil. Lavoisier Freire, ex-guarda-redes e coordenador de seleções de futsal da entidade, garantiu ao ge que tentará convencer Marquinhos a continuar.
– Não conversei com ele, já trabalhamos juntos há 10 anos. Então, ainda decidiremos, mas vou convencê-lo a desfrutar do título por mais quatro anos – projetou Lavoisier.
"Brasil mostrou força coletiva impressionante"
Em uma coletiva com tom de desabafo, Marquinhos Xavier ainda exaltou o trabalho feito pela comissão no Mundial de 2024 e disse que a estrutura oferecida ao futsal brasileiro melhorou muito depois da Copa de 2021. Também afirmou que, ao voltar ao Brasil, dará respostas a algumas pessoas que criticaram o trabalho da seleção, mas não citou nomes.
Marquinhos Xavier ressalta união da seleção brasileira: "Para aqueles que acham que isso só existe em outros países"
– As pessoas sempre nos avaliam assim: “vocês são muito fortes individualmente”. Como se a capacidade individual fosse a única coisa suficiente para vencer. Aqui eu ouvi muito isso, mas o Brasil mostrou uma força coletiva impressionante, e trabalhamos todo dia para não ter protagonista, para ter pessoas que querem a mesma coisa. Para aqueles que achavam que coletividade e união só existem em outros países, está dado o recado. Aqui também tem e tem muito mais – comentou Marquinhos, que também rasgou elogios aos jogadores brasileiros em outro momento da coletiva:
– Praticamente 70% desta equipe vem de muito sofrimento. A seleção brasileira passou muitas mensagens no Mundial. Uma delas é de que a gente só melhora quando o caminho é difícil. Viver na zona de conforto é maravilhoso, mas não te leva a nada. Este grupo resistiu demais lá atrás. Não tinha estrutura para trabalhar e foi cobrado da mesma forma. Não nos debruçamos nisso, não usamos desculpas. Todo treinador é criticado, e eu ouvi a palavra “panela”. É normal escolher pessoas de confiança. Se é uma panela, é uma boa panela, porque provou a força que tem.
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