Ivan Chishkala despede-se do Benfica com o título nacional: "Em Portugal não sabem celebrar como os russos" - Entrevista para a RB Sport

Após cinco épocas a representar o Sport Lisboa e Benfica, o internacional russo Ivan Chishkala encerra o seu ciclo no clube da Luz com a conquista do campeonato nacional de futsal, quebrando a hegemonia do Sporting CP. Em entrevista exclusiva ao portal RB Sport, conduzida pelo jornalista Denis Babushkin, Chishkala abriu o coração sobre o título, o balanço do seu percurso, o contraste entre o futsal russo e português e os motivos que o levam a abraçar um novo desafio.

“Quando vencemos, senti esvaziamento emocional e físico. Foram cinco anos de esforço contra uma das melhores equipas da Europa. Mas esta conquista foi uma enorme alegria — e assim termina a minha história aqui”, afirmou o jogador, visivelmente emocionado.

Chishkala admitiu que a vitória no último jogo frente ao Sporting, por 4-3, foi decisiva para que saísse com sentimento de dever cumprido:

“Se saísse sem o título, teria sido diferente. Vim para ganhar o campeonato e a Liga dos Campeões. Só conseguimos um dos dois. Mas foi um feito enorme.”

Diferenças entre futsal russo e português

Com uma visão analítica e técnica, o russo explicou as nuances que distinguem os dois campeonatos:

“O futsal em Portugal é extremamente físico. Há uma cultura de contacto e intensidade que os árbitros aceitam — quase como na Premier League. Em contrapartida, na Rússia o ritmo é mais baixo, o jogo é mais cerebral e técnico. São filosofias completamente distintas.”

A abordagem defensiva também difere:

“Aqui defendem com tudo, o jogo parte da defesa: "tenta marcar-nos, se conseguires". Na Rússia a mentalidade é ofensiva: "vamos tentar marcar-vos". A filosofia é diferente.”

A saída do Benfica: um novo ciclo

Chishkala confirmou que está de saída do Benfica e do futsal português, justificando com uma necessidade pessoal de crescimento:

“Percebi que entrei numa zona de conforto. Deixei de evoluir. Preciso de um novo desafio, de sair da rotina. Ainda não posso revelar tudo, mas muito em breve todos vão saber.”

Sobre o destino, deixou apenas um aviso:

“Alguns podem não compreender a decisão de imediato, mas tudo fará sentido no tempo certo. Vão perceber. Só peço: tenham paciência, não tirem conclusões precipitadas.”

A celebração que não houve

Apesar da conquista histórica, Chishkala lamenta o ambiente algo frio após o título:

“Fizemos uma pequena festa com os adeptos, tirámos fotos, jantámos com as famílias… e acabou. Aqui não se celebra como na Rússia. Esperámos tanto por este campeonato e depois cada um seguiu o seu caminho. Mas também é preciso saber festejar…”

“Na Rússia há um ditado: 'Amamos o futebol… pelo que vem depois!'”

Sobre Portugal: elogios e gratidão

Apesar da despedida, o jogador demonstrou enorme carinho pelo país:

“Portugal tornou-se a minha segunda casa. A gastronomia, o oceano, a vida… Só vivendo aqui é que se sente verdadeiramente a essência. Estou muito grato por tudo o que vivi.”

Fonte:

RB Sport (РБ Спорт) Jornalista: Denis Babushkin

Link original: bookmaker-ratings.ru