"Futsal é chave para formar jogadores mais inteligentes e completos" – Rodrigo Magalhães em entrevista ao MaisFutebol

Ex-diretor técnico do Benfica defende integração do futsal nos escalões de formação como ferramenta essencial para preparar o futebolista do futuro
Na sua derradeira entrevista como diretor técnico da formação do SL Benfica, Rodrigo Magalhães – figura incontornável do futebol jovem português nas últimas duas décadas – voltou a defender veementemente a importância do futsal no desenvolvimento dos jogadores da nova geração. Em declarações ao portal Maisfutebol, Magalhães abordou as razões da sua saída do clube, os legados que deixa, mas também apontou caminhos para o futuro da formação em Portugal. E entre todos, destacou um: o futsal.
«O futsal permite-nos desenvolver conteúdos essenciais para o futebol que está a emergir. O jogo moderno tem cada vez menos espaço e tempo. Um passe ao lado ou uma receção mal feita pode ser fatal. O futsal treina os jovens para pensar mais rápido, agir com maior precisão técnica e tomar melhores decisões sob pressão», afirmou o técnico, com a autoridade de quem contribuiu para formar dezenas de atletas de elite.
Ao longo da conversa, o agora ex-coordenador técnico encetou uma crítica ao que considera um défice motor grave nas novas gerações de atletas. «Estamos a educar jovens analfabetos motores», sentenciou. Para Magalhães, a solução passa por diversificar as bases da formação, integrando modalidades como a dança, a ginástica, e, de forma central, o futsal. «São ferramentas que restauram competências motoras fundamentais e ajudam a devolver ao jogador a consciência plena do corpo, da coordenação e da agilidade», sublinhou.
Magalhães elogiou ainda a forma como o futsal estimula o cérebro dos atletas, desenvolvendo a inteligência tática e a criatividade: «A alternância rápida de momentos de jogo no futsal mantém o cérebro sempre em ação. É uma modalidade que exige decisões em frações de segundo e melhora a capacidade de adaptação. A bola está sempre em jogo, as tabelas e as jaulas aumentam a intensidade e promovem a espontaneidade. Tudo isto é ouro na formação de um futebolista moderno.»
Na sua passagem pelo Benfica, Rodrigo Magalhães foi um dos impulsionadores da criação de métodos formativos disruptivos, como a Benfica League – um modelo competitivo inovador para os escalões de base – e introduziu diversas práticas que hoje são referência em vários clubes europeus. O futsal, garantiu, foi sempre uma das suas prioridades estruturantes.
«O futsal não é um complemento. É uma ferramenta formativa essencial para quem quer formar jogadores completos, inteligentes e adaptados ao futebol de alto nível. Enquanto não se perceber isto a nível nacional, vamos continuar a formar atletas tecnicamente deficitários e taticamente limitados», rematou.
O seu discurso, ainda que de despedida, soa mais a manifesto. Rodrigo Magalhães poderá ter saído do Benfica, mas não deixará de ser uma voz ativa num tema que considera central: a formação como pilar do futuro do futebol português – com o futsal no epicentro da mudança.