Tunha encerra carreira de mais de duas décadas no futsal: “Quero que os mais novos vejam a minha carreira como exemplo” - Entrevista ao Jornal ABola



Chegou ao fim a marcante carreira de Tunha, um dos nomes mais respeitados do futsal português. Aos 40 anos, o antigo pivô, campeão da Europa por Portugal em 2018, pendura as sapatilhas após mais de 20 anos de dedicação à modalidade. Um percurso recheado de clubes, superação e paixão, que agora dá lugar a uma nova etapa da sua vida.

Em entrevista exclusiva ao jornal A BOLA, Tunha falou com franqueza sobre o momento da despedida, o seu trajeto, e o papel essencial que a família teve ao longo da caminhada.

“Estes primeiros tempos como ex-jogador estão a ser tranquilos. Preparei a decisão desde novembro com a minha família. Quis terminar quando me sentisse bem, como sempre me senti a competir. Foi em conjunto com os meus que percebi que era o momento certo”, afirmou.

Uma carreira construída com sacrifício, resiliência e entrega total

O antigo internacional português fez questão de valorizar as suas raízes, destacando a importância dos laços familiares que sempre o acompanharam. Entre histórias de infância, memórias de consola e castigos evitados pela tia Edite, Tunha revelou o lado mais humano e emocional que moldou o homem por trás do atleta.

“Ser pai é a melhor profissão que tenho. A minha mãe, Isabel Fortes, é a minha heroína. Criou-me a mim e ao meu irmão sozinha. Tenho tatuada a cara dela. A gratidão que sinto é eterna”, confessou, emocionado, após ler uma carta aberta escrita pela própria mãe para a ocasião: “É o fim de uma etapa e o começo de outra. Estarei ao teu lado, como sempre estive.”

De clube em clube, sempre com o mesmo compromisso

O percurso de Tunha passou por uma longa lista de clubes — Odivelas, Castelo, AMSAC, Ereira e Benfica, Torpedos, Ismailitas, Sacavenense, Olivais, Leões de Porto Salvo, Fundão, Belenenses, Burinhosa, Torreense e UPVN. Faltava apenas a Academia Musical, clube de formação que marcou a transição do futebol para o futsal.

Foi no Olivais que o atleta encontrou o salto de qualidade. “Foi ali que tive o clique. Aprendi com jogadores como João Marçal, Zezito, Zé Carlos. O Zezito dizia-me que tinha de melhorar o passe. Cresci muito nesses quatro anos.”

Sem nunca ter representado os chamados “grandes” do futsal português, Tunha sente-se profundamente orgulhoso do que construiu. “Todos devemos orgulhar-nos do nosso trajeto. Quero que os mais novos vejam a minha carreira como exemplo, não pelos títulos, mas pela entrega e dedicação. O meu compromisso nunca dependeu do clube, mas de mim enquanto homem e atleta.”

Uma despedida com legado

A carreira de Tunha ficará para sempre ligada ao inesquecível título europeu conquistado por Portugal em 2018. Um marco que coroou o esforço de anos de trabalho e que o coloca entre os nomes maiores da história do futsal nacional.

Embora afirme que o seu futuro não passa pela carreira de treinador, mantém o futsal no coração. “Futsal, sempre. Mas treinador, não. O Jorge Braz é o patrão e ensinou-me muito, mas essa não é a minha via.”

Tunha despede-se das quadras com um legado construído a pulso, longe dos holofotes, mas com a cabeça erguida e o respeito de todos os que o viram jogar. A sua história é um testemunho claro de que a grandeza no desporto não se mede apenas por troféus, mas sim pela forma como se inspira quem vem a seguir.

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